Edital, fruto de parceria entre PNUD e REMS, selecionou três ONGs brasileiras para capacitar 90 educadores a utilizar a atividade física para promover o desenvolvimento humano.
Atleta desde os 11 anos de idade, Anderson Dias é campeão paralímpico de Futebol de 5 e presidente da Urece Esporte e Cultura para Cegos. Ele perdeu a visão aos três anos e estudou o Ensino Fundamental em uma escola para pessoas com deficiência visual. No entanto, quando entrou no Ensino Médio, se mudou para uma escola tradicional.
Segundo Dias, apesar de todos os esforços para a inclusão das pessoas com deficiência, infelizmente a escola ainda não está preparada para receber esse público. “A dificuldade de ser incluído não estava apenas dentro da sala de aula, mas também na quadra, nas aulas de Educação Física”, disse.
“Nós éramos 62 alunos na sala, e eu era o único com deficiência. A sensação que eu tinha era que os professores pensavam: ‘o que eu faço com esse aluno?’”, complementa o atleta.
Para reverter esse cenário, o trabalho desenvolvido pela Urece Esporte e Cultura para Cegos, por meio do projeto Educação Física e o Deficiente Visual – Curso de Capacitação Urece Esporte e Cultura, tem o objetivo de tornar as escolas e as aulas de Educação Física ambientes seguros e inclusivos para os alunos com baixa visão ou cegos.
Com o apoio do Edital REMS (Rede Esporte pela Mudança Social), o projeto capacitou 30 professores de Educação Física da rede pública de ensino do Rio de Janeiro sobre os principais desafios para que alunos com baixa visão ou cegos possam ser incluídos nas atividades dessa disciplina.
“Esse curso foi fantástico. Procuramos ensinar aos professores dicas simples de como eles podem adaptar materiais do dia a dia para que essas crianças possam participar das aulas. Por exemplo, se colocarmos a bola em uma sacola de mercado, isso já funciona”, falou Dias. Ao final do curso foi promovido um evento esportivo de encerramento onde equipes formadas por alunos de educação física, atletas, criança e jovens disputaram um torneio de Goalball, no qual os professores puderam colocar em prática as técnicas aprendidas durante o curso.
O Edital REMS foi um dos projetos beneficiados pelos recursos arrecadados na 10ª edição do Jogo Contra a Pobreza, que aconteceu no Brasil em dezembro de 2012. Por meio de uma parceria entre o PNUD e a REMS, o objetivo do edital é estimular a prática esportiva entre crianças e jovens brasileiros em situação de vulnerabilidade social.
Por meio deste edital, três projetos foram elaborados e executados por organizações da REMS, e tiveram suas atividades concluídas no início do mês de outubro, sendo um deles o projeto Educação Física e o Deficiente Visual – Curso de Capacitação Urece Esporte e Cultura.
Outro projeto foi o Tênis nas Escolas – Uma Proposta Educacional, do Instituto Patrícia Medrado, que capacitou 30 professores da rede pública de ensino de São Paulo que trabalham com crianças de 5 a 12 anos. Durante o treinamento, os professores aprenderam não apenas técnicas para ensinar o tênis de campo, mas também os valores relacionados a esse esporte. Juntos, esses professores poderão ensinar aproximadamente 3 mil crianças por ano.
Além do curso, os professores capacitados organizaram um Festival de Tênis, que promoveu atividades esportivas para 200 crianças da comunidade local. “O evento foi fantástico, nós conseguimos envolver todos os atores, desde as crianças aos pais, diretores das escolas, professores, diretoria de ensino, enfim, foi uma grande festa”, disse Patrícia Medrado, fundadora do Instituto.
Já o projeto Copinha Briza Skate Oficinas – Brasil o País do Skateboard, do Coletivo Briza no Rio de Janeiro, capacitou 30 professores e educadores da comunidade local, com uma abordagem inovadora sobre como utilizar o skate e suas técnicas para ensinar disciplinas tradicionais, como Português e Matemática.
Para encerrar o projeto, também foi realizado um evento aberto à comunidade que promoveu diversas atividades, como o surf na lona, grafite, slackline, skate e capoeira, e que contou com a presença de 150 crianças e jovens.
“O curso possibilitou disseminar a cultura do skate em nosso município, além de abrir uma perspectiva maior para esse tipo de curso no Brasil”, disse Charles Silva, presidente-fundador do Coletivo Briza. “No final, o skate e a comunidade foram os maiores beneficiados com esse projeto. Os primeiros resultados vão aparecer ainda esse ano. Isso é realmente incrível”, completou.
Texto disponível em: http://www.pnud.org.br/Noticia.aspx?id=3950