Projeto voluntário dá aulas de badminton para jovens de Niterói

Escrito por ANA PAULA BLOWER para o O Globo

NITERÓI — Ele poderia ter terminado a carreira como atleta profissional e seguir dando aulas em academias e escolas, mas quis fazer o mesmo que fizeram por ele quando ainda era criança. Por isso, Gabriel Alcantara criou em 2010 o projeto #ÉoBad, que dá aulas gratuitas de badminton para cerca de 50 jovens do Cubango. A ideia, que começou despretensiosa após a tragédia do Morro do Bumba, hoje está madura e preparada para voos mais altos. Dez dos seus alunos já competem profissionalmente. Uma delas é a atual campeã brasileira em sua categoria. Com a ajuda daquele que acreditou em seu potencial, seu antigo professor José Inácio dos Santos, e de forma voluntária, Alcantara batalha pelo sonho dos meninos de seguir carreira no esporte. Apesar das conquistas, o desafio financeiro ainda é grande: apenas um atleta tem patrocínio.

Com a bolsa que recebe do Instituto Trevo, membro da REMS, Felipe Ribeiro, de 16 anos, consegue direcionar toda sua energia para o esporte, sem perder tempo com preocupações financeiras. O rendimento do jovem atleta ganha reforço com apoio de uma equipe multidisciplinar e de cestas básicas funcionais. Felipe joga para que não seja o único patrocinado do #ÉoBad por muito tempo:

 

Felipe Ribeiro, atleta do projeto #ÉoBad - Foto Divulgação Instituto Trevo
Felipe Ribeiro, atleta do projeto #ÉoBad (Foto: Divulgação Instituto Trevo)

— Estou tentando abrir as portas para a equipe inteira. O legado do projeto é ajudar o próximo e incentivar o desenvolvimento do perfil do atleta — explica o adolescente.

Mesmo com os desafios econômicos que enfrenta para seguir na carreira, a menina Maria Elizabeth Ferreira, de 13 anos, já mostra conquistas de peso no esporte, que é uma mistura de tênis e vôlei jogado com peteca e raquete: em 2015 venceu, na categoria sub-15, o campeonato brasileiro de badminton. Sob a orientação de Alcantara, treina cinco dias por semana em até dois turnos. A disciplina é a única certeza que tem.

— Perdemos muitos talentos por falta de oportunidade. É um trabalho de formiguinha, mas que transforma a vida desses jovens. Mesmo que não queiram seguir carreira no esporte, com os treinos, não ficam na rua e conhecem um novo mundo — comenta o criador do projeto.

A quadra em que dá aulas, no Pró Cubango, não tem a infraestrutura ideal para os treinos. Falta ventilação, iluminação. Mas nada disso parece, entretanto, tirar o foco do professor e de seus alunos. O projeto segue determinado com apoio de moradores da região, pais e amigos. A ajuda vem de diversas formas: do preço mais barato do aluguel da quadra à confecção de uniformes e doação de calçados para os jovens.

— Falo sempre com eles: temos que lembrar da nossa história, mas gosto de reforçar que hoje são vencedores. Foram eles que conquistaram os resultados — diz Alcantara.

A história sobre a qual ele se refere é o deslizamento da encosta do Morro do Bumba, em abril de 2010, no qual muitos dos meninos do #ÉoBad perderam familiares e o local onde moravam.

QUE ESPORTE É ESSE?

O badminton, que é modalidade olímpica desde 1992, ainda não é tão popular por aqui. Ao contrário do Oriente, onde é muito praticado em países como Japão e China.

A maneira como se joga hoje nasceu na Índia, no período da colonização britânica, com o nome de “poona”. Ainda no século XIX, ganhou visibilidade quando oficiais britânicos em missões naquele país conheceram o esporte, gostaram e levaram as petecas e raquetes para a Europa, onde foi nomeado como badminton.

Artigo orginal: http://oglobo.globo.com/rio/bairros/projeto-voluntario-da-aulas-de-badminton-para-jovens-de-niteroi-19004231

 

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